Não consegui arranjar tempo para escrever a segunda parte do artigo sobre o US Open mais cedo, mas mais vale tarde do que nunca. Vou então reflectir sobre o que se passou no quadro masculino.
Em primeiro lugar, embora não tenha tido tantas surpresas, é importante dizer que as maiores baixas na fase mais adiantada do torneio foram o americano Andy Roddick e o escocês Andy Murray, afastados na 2ª e 4ª ronda respectivamente. Eu não estava de todo à espera, uma vez que estamos a falar do vencedor do torneio de 2003 (Roddick) e o finalista do ano passado.
Excepto este dois casos, correu tudo como se esperava até à final. Eu sinceramente já esperava que Rafael Nadal fosse eliminado nas meias-finais, uma vez que estava debilitado fisicamente e Del Potro foi imperial no resto do torneio. De qualquer forma, foi uma boa prestação de Nadal que conseguiu até chegar muito longe para quem esteve parado por lesão durante dois meses. Federer também fez um percurso bastante bom, derrotando Novak Djokovic nas meias-finais e fazendo um dos shots mais incríveis do torneio.
Mas a maior surpresa de todas foi mesmo o triunfo de Juan Martin Del Potro sobre o campeão que é Roger Federer. Foi uma partida extremamente bem disputada.
O suíço entrou no jogo muito agressivo, demonstrando o seu arsenal de pancadas e impedindo o argentino de entrar no ritmo que ele tanto gosta. A solidez do jogo de Federer e o nervosismo que se fazia notar em Del Potro, por esta ser a sua estreia em finais de torneios de Grand Slam, ditaram que Federer ganhasse mesmo o 1º set por 3-6 de forma relativamente fácil.
O início do 2º set parecia ir pelo mesmo caminho, com Federer a conseguir quebrar o serviço a Del Potro, mas o argentino conseguiu quebrar de volta, elevando claramente o seu nível de jogo. No tie break, Del Potro, de apenas 20 anos, apresentou-se muito mais confiante acabando mesmo arrecadar a segunda partida por 7-6. Agora voltavam a estar empatados e ambos os jogadores sabiam da importância do próximo set. O jogo estava completamente relançado, com Del Potro finalmente a conseguir impor o seu jogo e Federer a ter de estar mais concentrado para evitar cometer erros desnecessários, como aconteceu no 2º set.
O 3º e o 4º sets foram os melhores do encontro. Jogos cheios de emoção com os dois jogadores a jogarem o seu melhor. Del Potro estava decidido a lutar pelo título e apesar de ser um jogador extremamente sereno, não deixou de interagir com o público. Público esse que se fez ouvir, como é habitual em Flushing Meadows. O 3º set foi para o suíço por 4-6, enquanto que o 4º foi para o argentino novamente por 7-6, adiando-se a conclusão do encontro para o set final.
Ao contrário do que sucedeu em Roland Garros uns meses antes, também contra Federer, Del Potro soube manter-se dentro do encontro embora mostrasse sinais evidentes de cansaço. Quem ninguém pensava que fosse ceder fisicamente foi Federer, mas foi isso precisamente que aconteceu. Federer mostrou-se apático no último set, fazendo erros atrás de erros e cedendo o seu primeiro jogo de serviço. Com 5-2, Del Potro parecia ter tudo para ganhar se conseguisse manter o seu jogo de serviço. Mas tal não foi preciso, pois Federer cedeu pela segunda vez o break, fazendo com que o argentino se tornasse no novo campeão do US Open.
Após quatro horas de jogo, Juan Martin Del Potro caiu no chão, não conseguindo evitar as lágrimas. Del Potro conseguia finalmente o seu primeiro título do Grand Slam e não há dúvida que o mereceu. Foi o jogador mais consistente, em termos físicos e mentais, lutando contra o cansaço físico e contra o barulho ensurdecedor do público presente. Nenhum argentino conseguiu ganhar o US Open desde a vitória de Guilhermo Villas em 1977, o que tornou este triunfo ainda mais importante.
Del Potro é um jogador a ter em atenção nos próximo anos. É jovem e ainda pode evoluir muito. Ele já provou que é um jogador de grande nível e penso que eventualmente vai conseguir ser nº 1 mundial, é uma questão de tempo.
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