O US Open terminou ontem e este foi um torneio no mínimo diferente. O evento decorreu de 31 de Agosto a 14 de Setembro com a presença da chuva a fazer adiar a final masculina para segunda feira, tal como no ano transacto. No que toca ao evento de singulares femininos, Kim Clijsters sagrou-se campeã mostrando que, após uma paragem de dois anos, continua a ser uma das jogadoras mais fortes do circuito. Do lado masculino, Juan Martin Del Potro espantou o mundo ao eliminar "o melhor jogador de sempre" Roger Federer, terminando a série de cinco vitórias consecutivas do suíço em Flushing Meadows.
Uma das principais surpresas este ano foi a eliminação precoce das tenistas russas do quadro principal, que têm dominado o ténis feminino nos últimos anos. Neste torneio, nenhuma chegou aos quartos de final, o que é muito raro nos dias que correm. Mas esta situação aconteceu muito por culpa da nova grande esperança americana, Melanie Oudin. A jogadora de 17 anos surpreendeu tudo e todos deixando pelo caminho nomes como Elena Dementieva, Maria Sharapova e Nadia Petrova. Embora tenha ficado pelos quartos de final, foi um feito impressionante. E a jovem Oudin não perdeu com qualquer uma, mas sim com Caroline Wozniacki, uma das grandes promessas do ténis feminino, que disputou a final com Clisters.
Contudo, a grande novidade foi mesmo o regresso de Clijsters ao circuito, tendo jogado apenas dois torneios antes deste Open dos Estados Unidos. A belga de 26 anos resolveu deixar o ténis em meados de 2007 para formar família e cuidar do pai. Dois anos depois estava de volta para tentar revalidar o único Grand Slam que conseguiu vencer antes de se retirar, tendo ganho em 2005. Durante as duas semanas do torneio, o regresso da belga foi o assunto mais falado, com a rubrica "Kim Back" a surgir quase todos os dias, com muitas entrevistas à jogadora, à sua nova família e equipa técnica. Toda esta atenção não é de estranhar, uma vez que Clijsters era considerada uma das jogadoras mais simpáticas e correctas do circuito antes de sair de cena. É sem dúvida uma grande desportista que fazia muita falta no ténis feminino. Foi impressionante vê-la vencer encontro após encontro, alguns mais difíceis que outros, mas sempre muito decidida e muito inteligente em court. Não teve mesmo uma tarefa nada fácil, eliminando as duas irmãs Williams pelo caminho. Além disso, o encontro com Serena vai ser muito discutido nos próximos tempos, não pelo ténis que se jogou, mas por uma falta de pé atribuída à americana num momento decisivo do jogo que, com o resultado a 6-4 e 6-5 para a belga, fez com que Serena perde-se automaticamente o seu jogo de serviço (e o encontro) por uso de vocabulário impróprio para com a juiz de linha.
A final foi protagonizada pelas duas jogadoras mais consistentes do torneio: Clijsters e Wozniacki. A dinamarquesa de 19 anos ainda deu luta no 1º set, aguentando relativamente bem a pressão do momento. No entanto, a belga venceu o set e não teve dificuldades em ganhar o segundo, mantendo um jogo mais agressivo e lidando muito bem com os erros que cometia. Foi um Grand Slam de sonho para Kim Clijsters, que provou novamente que é uma campeã e que está para ficar. O festejo da belga até a mim me tocou, com a filha Jada a marcar presença no Arthur Ashe Stadium. E mais, ela conseguiu o feito de ganhar um GS como Wildcard, estando fora do top 100. Com este triunfo vai conseguir posicionar-se entre as 20 primeiras.
Para quem, após uma paragem de dois anos, volta e ganha um Slam, eu diria que tem sérias hipóteses de se tornar nº1 se manter este nível. Se a Justine Henin não voltar ao circuito no próximo ano, parece-me que Clijsters é bem capaz de vencer mais um ou dois Slams.
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